20 novembro 2013

A ouvir: Zambujo no Coliseu / "Lisboa 22:38"


António Zambujo edita "Lisboa 22:38", já por aqui tínhamos anunciado. Chegou a hora, mais precisamente 1h14m de CD e outro tanto mais no DVD, de viajarmos por este álbum "ao vivo no Coliseu" com 19 músicas. Acompanhado de Bernardo Couto (guitarra portuguesa), José Miguel Conde (clarinetes), Ricardo Cruz (contrabaixo) e Jon Luz (cavaquinho), António Zambujo faz-nos reviver os seus concertos ao vivo com a sua descontração, conversas pelo meio de músicas, trocas bem caçadas nas letras, desabafos bem humorados, gargalhadas soltas, pausas provocadoras e os muitos aplausos do público. Quem já o viu e ouviu ao vivo, sabe que não mentimos. No Coliseu, o álbum "Quinto" viveu uma das suas muitas noites mágicas e esta ficou gravada neste trabalho. Uma viagem por 19 musicalidades que, inevitavelmente, nos fazem gingar o corpo. Música portuguesa com travos adocicados de outras paragens arranca com "A Casa Fechada" (trombone impecável no gingar e ditar do som ritmado) que abre as hostes para "Algo Estranho Acontece", é todo um tempo que nos envolve nos instrumentos de sopro que dão aquele som que nos soa sempre seguro, que nos agarra de jeito junto com a voz (tão cativante) e cordas que ditam a melodia,... e se a guitarra portuguesa é senhora de som forte e determinado, o contrabaixo nunca deixa de ser senhor num fundo preenchido. Tudo entra em corrupio com o êxito "Flagrante" onde vamos, obrigatoriamente, além fronteiras e além oceano (já disse Caetano Veloso: "António Zambujo é um caso especial na história do Fado... aos meus ouvidos, Zambujo é um dos melhores cantores do mundo da atualidade"). À medida que a viagem avança nos sons vamos tomando consciência, ou relembrando que, ao vivo, a coesão e solidez do projeto "Quinto", em estúdio, é de uma segurança ímpar, de quem já tem nas andanças musicais e palcos uma casa, uma mão segura (aquela que está na capa do álbum de estúdio). Definir Zambujo num estilo, ou reduzir a um só estilo é erro. Descrever música a música, é não mais terminar esta viagem que, tantas vezes, nos aquece com ritmo tropical. É boa música portuguesa que bebe de fontes como bossa nova, mornas... é sonoridade que tem as suas bases definidas e estruturadas no fado e num cantar, único, alentejano. Este álbum, tal como o de estúdio, é uma mão cheia de bom som, acrescido de conversas e aplausos. A ter, a pedir no natal!

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