24 setembro 2013

Os reflexos da arte / Lisbon Week 2013

"Township Wall" (2004), de António Ole / edifício-sede CGD

O diálogo entre a arte e o espaço que a acolhe entram num jogo de reflexos do que contemplamos, do que nos é permitido ver, do que queremos observar. Assim se pode descrever o périplo por entre os lugares inacessíveis ao olhar de todos nós, no sentido de incitar a (re)descoberta dos mesmos, num roteiro desenhado pelo curador Delfim Sardo para a Arte do Lisbon Week, que começou no sábado, pelas ruas de Lisboa. Com cinco visitas guiadas gratuitas por dia, a rota das Artes conta com o edifício-sede da Caixa Geral de Depósitos, perto do Campo Pequeno, como o palco de "Township Wall" (2004), a parede de fragmentos de casas dos bairros pobres, do artista plástico António Ole, em profundo contraste com os imperiosos dourados do espaço que a envolve. Dentro das mesmas quatro paredes estão ainda os "Reflexos de Lisboa", a exposição de fotografia organizada em conjunto entre o Lisbon Week e a CGD, a qual merece uma visita, entre as 8.30 e as 15 horas, também nas agências do Campo Grande, do Calhariz, da Praça do Comércio, do Saldanha e dos Restauradores.
Pelo itinerário das artes, o Convento de Nossa Senhora da Encarnação recebe os espelhos que devolvem e desconstroem o espaço em si mesmo, devolvem a nossa imagem, lida com as reflexões do corpo, o silêncio… com a assinatura do artista plástico português José Pedro Croft. Nos claustros, avistam-se obras do arquiteto e artista Didier Fiuza Faustino, convertidas em curiosas esculturas.

"Banhada em lágrimas", de Helena Almeida / Museu Nacional de História Natural

Em cena está também o Museu Nacional de História Natural, Anphiteatro do Laboratório de Chímica, sintonizado no século XIX, com "Banhada em lágrimas", o trabalho fotográfico de Helena Almeida, uma artista em constante diálogo entre a pintura, o desenho e a fotografia; e a instalação sonora do artista Ricardo Jacinto, a dicotomia entre a musicalidade do contacto com a água e a representação simbólica do mergulho. Para ouvir em silêncio. 


"Seja o que for", de Jorge Molder / Paço da Rainha

Já no Paço da Rainha, Rui Chafes traz "Trago-te em mim como uma ferida" (2000) e o conceituado fotógrafo Jorge Molder mostra "Seja o que for" em fotografia, composta por imagens em que o corpo do artista se ausenta, sendo substitutuído por outras nas quais se revê. Mas há mais locais onde a conjugação da arte com a arquitetura acontece até domingo, dia 28 de setembro. Ao todo são nove locais com 12 obras. A descobrir.

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