18 outubro 2013

Bordallo Pinheiro: Um legado reinventado


"Colador de cacos", de Vik Muniz / "Furnarius rufus", de Laerte Ramos

Rafael Bordallo Pinheiro dispensa apresentações. Ou não… Para quem não conhece o cronista, jornalista, escritor, designer, cartoonista, artista português, recomendamos a exposição patente no edifício sede da Fundação Calouste Gulbenkian, aberta a partir de hoje, dia 18 de outubro, aos olhares dos mais curiosos, mas também aos amantes de uma arte tão bela e, ao mesmo tempo, impregnada de sátira e tão atual… O título "Arte contemporânea no universo Bordallo – 20 Bordallianos do Brasil" diz tudo! À entrada, entre os demais elementos da natureza da fábrica de faianças artísticas das Caldas da Rainha, fundada em 1884, sapos, lagostas e, claro, o Zé Povinho, dão as boas vindas. A acompanhar encontra uma biografia breve sobre Rafael Bordallo Pinheiro, que numa das suas viagens ao Brasil ofereceu, em 1899, a célebre Jarra Beethoven – peça decorativa com cerca de 2,6 metros de altura exposta no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro – ao presidente do Brasil então, o marechal Deodoro da Fonseca; e um bando de andorinhas. 


"Caldos da Rainha", de Adriana Barreto / "Terrina de Noé", de Barrão

Nos três módulos centrais estão expostas as 20 peças com sotaque brasileiro inspiradas no legado artístico de Bordallo Pinheiro. Em cada objeto há uma assinatura e um rosto – Vik Muniz, que apresenta a figura de Bordallo Pinheiro "a colar os cacos", segundo palavras de Nuno Barra, diretor de marketing da Bordallo Pinheiro; Tunga; Regina Silveira; Maria Lynch; Isabela Capeto; Adriana Barreto; Barrão; Caetano de Almeida; Efrain de Almeida; Estela Sokol; Erika Versutti; Fábio Carvalho; Frida Baranek; Laerte Ramos, "um apaixonado por casas de pássaros", continua Nuno Barra; Marcos Chaves; Martha Medeiros; Saint Clair Cemin; Sérgio Romagnolo; Tiago Carneiro da Cunha; e Tonico Auad – que, durante dez dias, estiveram, um a um, na fábrica das Caldas da Rainha, para conhecer a obra de tão consagrado artista, bem como as técnicas de fabrico. As 20 obras, limitadas e numeradas a 250 exemplares, podem ser adquiridas nas lojas Vista Alegre Atlantis, na Loja de Fábrica Bordallo Pinheiro, nas Caldas da Rainha, e na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. 


"A banca", de Catarina Pestana / "Menina Saxe", de Elsa Rebelo 

Ao fundo, os 7 "Bordallianos ao jantar" apresentam as suas obras criadas no âmbito do projeto artístico que começou a ser desenhado em 2011, por ocasião do 125.º aniversário da Bordallo Pinheiro. Falamos dos 7 artistas contemporâneos portugueses que, à semelhança dos seus sucessores do outro lado do Atlântico, foram convidados a criar uma peça original inspirada na obra do artista. Na lista constam "Gosto tanto de ti", de Bela Silva; os "Elefantes", de Fernando Brízio; o "Dueto" de peixes e andorinhas de Joana Vasconcelos; a "Menina Saxe", de Elsa Rebelo, a representante da fábrica de faianças de Bordallo Pinheiro nas Caldas da Rainha; a "Lisboa" de Henrique Cayatte; "Cactus" de Susanne Themliz; e "A banca" que aperta o pescoço do Zé Povinho, de Catarina Pestana. A mostra vale a pena a(s) visita(s) até 17 de novembro. Com entrada livre e, por conseguinte, sem desculpas para faltar.

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