"The Amps" tem como objeto de arte os amplificadores que acompanham o artista ao longo do seu percurso, recorrendo à técnica de colagem com fotografias, recortes e fotocópias; a plasticidade gráfica de amplificadores, um outro lado do som. João Paulo Feliciano decide, em 2004, arrumar a casa e abre o seu próprio estúdio onde pode ser arte e ser música: a sua identidade. No tocar afinado do tempo o estúdio de gravação transforma-se e vira sala de ensaios, onde se produz e edita música, se pensam em peças, se criam formas de arte porque o objetivo foi sempre ser um estúdio onde a música regesse, mas não limitasse. Estas colagens, entre outras, são o prolongamento da sua união inseparável música+arte, que existe sem pausas e que aqui tem como inspiração os 16 dos 20 amplificadores - "de todos os géneros, muitos vintage, algo exóticos ou requintados" - que tem em estúdio; além dos "amps" é incluído nesta exposição "Um Par de Paris.es", uma peça feita de dois orgãos elétricos iguais, dos finais de 1960, da marca Paris.e.
"Lost Highways" são desenhos de paisagens que Lee Ranaldo foi esboçando ao longo de 2012, durante a sua tour europeia e americana do álbum "Between The Times and The Tides". Habituado ao movimento constante e fazer da estrada um modo de vida Lee Ranaldo tem no esboço rápido, no reter imediato de uma imagem, um gesto de valor. "Lost Highways" é um conjunto de desenhos que tem vindo a esquissar desde os anos 1970, enquanto estudante de artes, fotografando numa folha de papel, com o seu traço, a paisagem que corre pelas janelas dos carros em que circula. Gastamos parte do nosso quotidiano dentro de meios de transporte, a ver paisagens urbanas ou bucólicas, por uma janela. Para Lee Ranaldo, que leva a sua música aos mais diversos e distantes palcos, este "ver passar pela janela" é, ainda mais, presente e constante, e o desafio está na rapidez com que se fixam linhas, cores, escalas de uma imagem fugaz, de uma imagem que está ela própria em movimento, para lá da janela. Pontos de fuga bem marcados, linhas sinuosas e retas, traçados que são, no Porto, as memórias do verão de 2012, on the road, de Lee Ranaldo e sua banda, na Europa e nos E.U.A..
Duas exposições a visitar, no Porto, até dia 8 de junho. Tome nota!
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