Nacional Ultramarino / A reconstituição de uma época / MUDE

Chegou o momento de abrir as portas à opulência de outrora. De mostrar, por dentro, um dos vultos da arquitetura do Estado Novo. De caminhar por corredores interditos, por gabinetes proibidos… Apreciar o mobiliário e os objetos decorativos, as formas, os detalhes, a pintura e a riqueza dos materiais que compõem "uma obra vasta obra de encomendas (…), uma obra de design global". As palavras são de Bárbara Coutinho, diretora do MUDE – Museu do Design e da Moda, que convida todos a visitarem a exposição "Nacional Ultramarino". Uma mostra focada, segundo Bárbara Coutinho, "na reconstituição integral das salas [da administração] com peças originais" da então sede do Banco Nacional Ultramarino (BNU), atual edifício do MUDE, em plena baixa pombalina, em Lisboa. Peças de mobiliário e decorativas executadas, entre 1960 e 1964, nas oficinas de artes e ofícios da Fundação Ricardo Espírito Santo Silva (FRESS), com apresentação dos desenhos, moldes, das ferramentas e técnicas usadas na feitura dos objetos em exposição, a par dos desenhos e das fotografias pertencentes ao espólio/arquivo histórico da Caixa Geral de Depósitos (CGD). Documentos comprovativos do imperativo gosto francês num país detentor de um império ultramarino, sem esquecer o contributo do arquiteto e designer Daciano da Costa, autor do mobiliário moderno e funcional destinado aos funcionários do edifício sede do BNU, ou dos escultores Távela de Sousa e António Cristiano da Silva e do pintor Martins Barata, entre outros. Um trabalho conjunto que, de acordo com a diretora do MUDE, "espelha muito bem a cultura arquitetónica e de design de finais dos anos 1950' e início de 1960'", em Portugal. Em agenda a partir de hoje até 28 de abril de 2013, comissariado por Bárbara Coutinho (MUDE) e Conceição Amaral (Museu das Artes Decorativas | FRESS), em parceria com a CGD, e em articulação com a exposição "100 anos de Design de Interiores em Portugal" (21 de dezembro). A não perder!

Fotografia da Sala do Governador do Banco Nacional Ultramarino em 1964 (prova fotográfica de Horácio Novais | espólio arquivo histórico da Caixa Geral de Depósitos)